sábado, 26 de maio de 2012

Quartos escuros

No quarto secreto, no porão desconhecido
Os monstros, demônios, anjos caídos
De dentro do quarto, silencio mortífero
Ouve-se um choro, ouve-se um grito


Faísca de luz, atento olhar ranzinza
Talvez um amigo, ou um ladrão de sorrisos 
Mas confiante, o menino mostra o esconderijo
São segredos quebrados, são feridas à vista


Por tanto confia, um tanto caminha
São vilas, favelas, tem piso batido
E o novo amigo vai fazendo sentido
Sendo a dor e o medo não mais desconhecidos


E quando se vê, já é dia
Janelas abertas, grades rompidas
E o sol brilha como nunca, na imagem vazia
Então se pinta as cores, ouve-se uma melodia

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Não sopre as velas do seu aniversário


Com o tempo vou percebendo que a correria do dia a dia não pára. Então, o que eu preciso é mais que um bom sem a rotina. Mas é aproveita-la, assim mesmo.

Vou percebendo que se pode ter prazer num fim de noite, numa poesia, num olhar sobre a rua, num observar das estrelas e do céu limpo de uma noite de verão.

Mas há coisa mais importante que isso: pessoas! São elas que fazem com que o tempo pare, e que se fixe uma imagem na memória. São elas que fazem com que possamos sorrir, rir, chorar. São as pessoas que nos ensinam a amar.

Aí, todas as demais coisas começam a ficar de fundo. E tudo o mais só tem valor se for pra manter eu e você mais perto, vivos e bem.

Concluo o que já foi concluído. O tempo não é medido pela velocidade da luz no espaço. O tempo é relativo. O tempo é qualitativo. O tempo é feito pelos bons e maus momentos que me marcam junto à alguém.
Então, da próxima vez que fizer aniversário, não sopre as velas. Deixei que elas derretam. Enquanto isso reparta alegria com seus amigos, e o tempo vai dando conta de bater à sua porta todos os dias quando você acordar, mas não dê muita bola. Quanto as velas: elas apagam sozinhas.



"O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno."

William Shakespeare


sábado, 14 de maio de 2011

Destinatário


Quais as palavras que preencherão a minha lápide?
Qual o sentido que permitirá hoje a noite o meu sono?
Quais os amigos que falarão daquele que um dia esteve entre nós?
Pode ser eu, pode ser você. Pode ser você!

Do que foram as lágrimas que naquele dia cairam do seu rosto?
Qual foi o motivo daquele sorriso sincero que tão nobremente te iluminou?
Por que aconteceu aquele soluço sufocante, preso no pescoço?
Acho que foi por você, não teria outro motivo de ser.

Qual o motivo que me faz de manhã me levantar, sendo que em breve escurecerá?
Por que os planos da vida se a senha da minha ida recebi ao nascer?
Afinal, a vida é um leve sopro, é uma folha verde, é o amanhecer, é o anoitecer...
É uma folha branca, que depois de escrito lacramos num envelope e dedicamos à alguem.
A minha vida foi pra você!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Nota da noite




Gostaria de saber tocar um instrumento
Pra tocar nesta noite, e eternizar este momento,
Eu e meus pensamentos...

Palavras nesta hora simplesmente romperiam o sentimento, 
Deixo apenas as vibrações e as emoções dizerem o que é que sinto por dentro

Silencio, vou curtir esse momento
Sozinho, com as estrelas, a lua, o vento
Ouço o coração batendo

Assim vai a noite, com meus pensamentos,
Dizendo que a vida é boa, sorrio por dentro.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O despertar do amor




As nuvens, por sua vez dizem que o sol se escondeu
Sem estrelas, o céu diz que aquilo que havia vida morreu
Mas apenas repousa o grande astro dos céus
E na sua hora cairá o seu véu

  
E se eu não entender
É por que a linguagem dessa vida constante mudou seu falar
E se eu não enxergar
É por que o amor não se mostra aos que o querem ver, mas aos que o praticam
E se eu não compreender
É por que é amor,e razão não há nisso para que mortal, como eu, possa compreender


O que é a essencia do Criador
Que colocou em cada criatura a semente para que pudéssemos como Ele amar
Como num despertar da manhã que a luz alcança a todos
Como num despertar do amor, que permanece para sempre.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Me ensina





Me ensine a Te enxergar
Quando os olhos se acostumaram com a escuridão
Me ensine a olhar a verdade
Quando tudo que via era ilusão

Me ensine a caminhar
Quando os meus pés não saiam do lugar
Me ensine a voar
Quando as asas só me serviam pra me esconder

Me ensine a amar
Quando tudo o que tinha era uma lacuna
Me ensine a perdoar
Mesmo quando o coração ferido murmura

Me ensine a sonhar
Quando a realidade me impediu de ter fé
Me ensine a confiar
Quando tudo era falso, inclusive o espelho

Me ensine a sorrir
Quando os sentimentos se misturavam na desilusão
Me ensine a sentir
Quando a casca da ferida impede o toque da mão

Me ensine a viver, a ser, a crer
Me ensine a Te ver, perceber, tocar
Me ensine a aprender, me ensine a respirar...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Invisível


“Quem sou eu, que não sou visto, ouvido, percebido??

Quem sou eu, indiferente de quem diante de mim passa

Nas ruas, nos abrigos, nos hospitais, nos asilos

Será que de fato existo?

Como podem esperar algo bom de mim

Se nunca tive o bom pra mim

Como podem esperar que respeite,

Se nem ao menos consegui teu olhar

Como podem esperar algo de mim

Se nenhuma chance de ti recebi

Como podem esperar que algo mude em mim

Quando meu inferno é aqui

Não sei o que fiz pra estar aqui

Pra ter essa vida, onde conto os dias

Quem sabe a morte tem algo pra mim

Já que de ti nada recebi

Talvez não devesse atrapalhar este teu mundo perfeito

Quem sabe o problema se resolveria assim

Quando eu de fato não existir

E você, ao andar pela rua, não vai perceber, que eu sempre estive ali”


Ass: O Humano Desumano Invisível