Era um grande contador de historias, de suas próprias historias, sua vida. Ele dizia a todos que apenas tinha 18 anos,que a partir daí começou a viver. Este foi o tempo que marcou a sua vida. E parou aí. Com 18 ano foi o começo,auge, e só não foi o fim de sua vida. O motivo lhe mostrarei mais adiante.
Se ele tinha algo pra contar,era como essa época revolucionou a sua vida.Nos seus 18 anos meu avô já havia terminado o colégio(ele faz aniversario em Dezembro), e estava pronto pra entrar numa faculdade.Com 18 também tinha licença para dirigir,e sempre dizia ser o melhor motorista com essa idade. Também nessa época conquistou sua primeira namorada. Teve outras,mas depois eles voltaram e se casaram. Dizia que escolheu a vovó porque a tinha 18 anos,e nessa época se faz boas escolhas. Também começou a trabalhar,e isso lhe deu um avanço no juízo e no intelecto. Mas sem deixar de ter 18 anos.Ah,nessa época meu avô deveria ser o “cara”,o invejado.Mas ele não se dizia assim. Apenas vivia a vida com toda intensidade e era feliz.
Á todos que o perguntavam,ele dizia ter ainda a mesma idade,e assim parecia. Podíamos falar das mesmas coisas,com o mesmo interrese e até as mesmas gírias. Meu melhor amigo havia parado no tempo. Eu não gostava de falar certas coisas pro meus pais,eles eram muito velhos,não tinham “maturidade” pra me entenderem. Já meu avô,que era casado e ainda possuía cinco filhos e netos dos quais não sei quantos eram,conseguia compreender –me completamente.
Seu maior ensinamento foi o seguinte: “Você não precisa de teorias depois dos 18. Toda bagagem vem ate esta época, depois disso só trabalhamos na pratica,adquirimos experiências”. Hoje não sei se ele estava completamente certo,mas naquela época aquilo era meu lema. Meu vô podia ter problemas,passar por dificuldades,mas sempre passava por elas com garra e disposição.E vencia. Vencia sempre. Vencia porque apesar de não conquistar o que queria inicialmente,sempre estava feliz,e não se importava com o resultado. Deu-lhe o melhor de si,e isso era sua conquista,sua vitória.
Meu avô morava numa cidadezinha do lado da minha. Por isso não saiamos um da casa do outro. Todo anos comemorávamos seu aniversario com ma festa,na qual ele sempre dizia estar fazendo 18 anos.E na semana seguinte era meu aniversario.
O melhor ano de nossa amizade foi quando eu tinha 17 anos,e meu avô 81. Ele já não tinha a mesma energia quanto antes,mas seu afeto e alegria era a mesma. No mês de Novembro era o tempo de maior ansiedade naquela época,não via a hora de chegar a minha vez de comemorar 18 anos, e poder dividir essa alegria com meu avô. Ele viajou semanas antes do seu aniversario, foi pra capital fazer um tratamento. Na época me disse que ia apenas fazer a compra do meu presente. Ele já não me parecia o mesmo,seu semblante era triste e agia de modo seco. Ele não passou o seu aniversario nem o meu por perto. Foi a única vez que ele não comemorou seu aniversario. E o meu,por sua vez,foi o pior de todos sem a sua presença. A pessoa por quem eu mais ansiava não estava pra comemorar comigo essa minha grande vitória.
Na semana seguinte mamãe disse para irmos à casa do vovô pra vê-lo,e conseqüente mente lhe dar os parabéns . Ela disse que ele queria me ver,e fazia da minha presença algo imprescindível. Pensei comigo mesmo que ele queria se redimir.
Quando chegamos na casa dele,de fora já via muitas pessoas. Pensei que fosse pela comemoração que não houvera. “Sabia que ele não deixaria passar em branco”,pensei. Mas quando nos aproximamos,ao invés de ter pessoas alegre e festivas,apenas havia caras tristes e choros.
Não foi preciso muito tempo pra entender tudo. Meu avô havia morrido. E ele morreu por deixar de ter 18 anos,tinha ficado velho demais. Mas a memória do meu melhor amigo ficou viva dentro de mim,parada na época em que ele era jovem e cheio de vida,quando as circunstâncias da vida não o tiraram a paz,quando a alegria lhe foi predominante. A imagem daquele velhinho jovem,que só tinha 18 anos de idade,no coração.
Pedro S Prado
São Paulo,02 de Agosto de 2007,as 22h
esse texto eu fiz na véspera do meu aniversário, e antes que você me pergunte,essa não é a minha historia,inventei apenas. Mas dizem que tudo que fazemos tem um pouquinho de nós. Então,digo logo,a vontade de viver intensamente e com muita disposição. Valeu Pri,a primeira pessoa que leu e postou em seu próprio blog esse texto,e que me incentivou a fazer o meu.
3 comentários:
Ahaaaaaaa :]
Acheiiii ^^
Ah, Pedrinho... gosto tanto desse texto! É muito muito profundo... Faz pensar, repensar e pensar e pensar O.o
Saudade de você
bju
Oieee!!!
hahahah gostei do aviso no final do texto... "antes que vc me prgunte, essa não é minha história"! uahsaushuashua
gostei do blog!
e do título tbm! xD
bjss
ateh amanhã ;)
Muito bom...pena que talentos como o seu ainda estao tao escondidos
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